sábado, setembro 7

Seu ‘tic’ nervoso tem cura

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Tique nervoso ou cacoete são nomes populares usados para denominar um quadro clínico de comportamentos estereotipados, repetitivos e sequenciais, que são realizados de maneira involuntária, muitas vezes imperceptível e que só dão descanso na hora de dormir.
Complicado não é? Só quem tem tique pra saber. Mas a boa notícia é que existe um tratamento para isso.
Para quem convive com uma pessoa que tem cacoetes, o desafio é prestar atenção no que ela fala, pois os gestos e sons desordenados desconcentram qualquer um. Muitas vezes, a dicção da pessoa fica afetada e fica difícil compreender o que ela diz. Daí a dificuldade em arrumar um emprego ou estabelecer um relacionamento amoroso, por exemplo. Fatores psicológicos e ambientais também podem estar ligados aos tiques. Assim, traumas, situações limites – como a espera de uma resposta importante – e o uso de drogas, anabolizantes ou quaisquer substâncias que alterem o metabolismo de forma drástica podem desencadeá-los ou despertá-los.
Se você sofre deste mal, fique atento ao que pode ser feito para melhorar a sua qualidade de vida.
  • Consultório- Em boa parte dos casos o tratamento consiste no uso de medicamentos e na terapia cognitivo comportamental que ajuda a relaxar e até a tentar trocar um tique por outro mais aceitável socialmente.
  • Foco – tente perceber se você executa gestos ou emite sons desordenados repetidas vezes ao longo do dia.
  • Exercício – Sempre que você se pegar fazendo o cacoete, pare imediatamente, assim, você terá ciência do que faz. O problema do cacoete é que ele geralmente é involuntário, por isso muitas pessoas demoram para pedir
ajudar.
  • Identifique – uma dica importante é observar se os motivos são ou não emocionais e o que os causam. Os motivos são diversos e vão desde um aluno que começa a manifestar cacoetes em função da pressão do pouco tempo para realizar uma prova ou um filho que está enciumado com o nascimento do irmãozinho.

10 tipos de aranhas monstruosas

Uma lista com 10 aranhas de arrepiar. Aparência? Nem tanto, mas seu modo de ataque, sim!!!
  • Aranha-Caranguejo
A semelhança com os crustáceos rendeu o apelido para esse aracnídeos. E não existe apenas apenas um tipo, acredite, uma desta espécie se camufla de excremento de aves.
  • Argyrodes colubrinus
Doutro lado do mundo, mais especificamente na Austrália encontra-se esta aranha de corpo longo, que lembra uma cobra. Aparência que serve como camuflagem, pois assim ela consegue escapar de vários predadores. Normalmente as aranhas desse tipo são inofensivas para humanos.
  • Argyroneta aquatica
Uma aranha especial, a única espécie completamente aquática do planeta. Ela é encontrada na Europa e na Ásia, principalmente em lagos não muito profundos. Se alimenta de animais aquáticos invertebrados.
  • Aranha-assassina
Alguns exemplos da família Archaeidae são encontrados em Madagascar, em outras partes da África e na Austrália. Como o apelido indica, elas se alimentam de outras aranhas.

  • Aranha-cara-feliz (Theridion Grallator)
O mundo é cheio de seres estranhos, mas poucos superam essa aranha feliz. Encontrada nas florestas do Havaí, o corpo desse bicho costuma ter uma figura no formato de um rosto sorridente.
  • Aranhas-saltadoras
Nada é mais assustador que uma aranha que pula, certo? Ainda mais se o bicho for esse da foto. Nesse caso, o nome serve para muitos tipos de aranha, as que compõem a família Salticidae, a mais numerosa. A maior parte das espécies desta família é predadora. Mas algumas das aranhas-saltadoras (também conhecidas como papa-moscas) são completamente vegetarianas. Ainda bem.
  • Arachnura higginsi
As fêmeas dessa espécie tem o corpo no formato de rabo de escorpião. E as semelhanças não param por aí – quando ameaçada, essa aranha se movimenta de forma muito parecida com um escorpião e chega a se curvar para simular o ataque. Não dá para saber quais dos dois aracnídeos dão mais medo, não é mesmo?

  • Gasteracantha
As aranhas desse gênero existem em todo o mundo e normalmente só parecem ser assustadoras. Todos os chifres e espinhos que vemos na foto são armas de proteção sim, mas contra pássaros.
  • Aranha-lobo
As aranhas da família Lycosidae são rápidas e predadoras terríveis, principalmente de outros aracnídeos. Presentes em praticamente todo o planeta, a picada dessa aranha pode fazer com que você precise ir ao médico. Mas antes de lamentar que elas existem, lembre-se que essas aranhas são fundamentais no controle da população de outros seres.


  • Tarântulas
As tarântulas costumam estar no topo do imaginário de quem sente terror pelas aranhas. A verdade é que não existe só um tipo de tarântula: a família Theraphosidae tem dezenas de espécies bizarras. As patas longas, o corpo revestido de pelos… tudo isso faz com que elas ganhem fama de perigosas. Só que as tarântulas não oferecem risco para humanos. Exatamente por isso costumam ser animais de estimação, como mostra o filme Esqueceram de Mim.

10 máquinas de tortura mais terríveis da História

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Nesta lista, você confere quais são as 10 máquinas de tortura mais terríveis da História.
  • 10 Dama de ferro
Tortura comum na Idade Média, também é conhecido como Virgem de Ferro ou Donzela de Ferro. Colocava-se o aprisionado num sarcófago com estampa da Virgem Maria, que dentro continha uma série de cravos de ferro. Quando fechado, os cravos perfuravam a pele da vítima, mas não atingia nenhum órgão vital e assim ia-se morria aos poucos, por insuficiência sanguínea. Alguns modelos eram tão grossos que os gritos do prisioneiro nem eram ouvidos pelo torturador.
  • 9 Pêra
Era um aparelho em forma de pêra formado e era inserido, nas mulheres, na vagina ou na boca. Já nos homens, geralmente os castigados eram homossexuais, era inserido no ânus. Depois de inserido na vítima, o aparelho, formado por 4 folhas, começava a se abrir. Como suas extremidades eram cortantes, causavam danos irreparáveis nos torturados.

  • 8 Roda de despedaçamento
Era uma roda na qual o torturado era preso com as costas voltadas para o interior do instrumento. Abaixo da roda, o torturador colocava fogo. A roda, então, era girada. A pessoa assava, aos poucos, como se estivesse em uma churrasqueira. O carrasco substituía a brasa por objetos pontiagudos, o que fazia com que, conforme a roda fosse girando, a pessoa fosse sendo mutilada aos poucos.

  • 7 A máscara da infâmia
Mulheres linguarudas fiquem atentas! Quem fofocava muito na Escócia do anos 1500 corria o risco de ter a cabeça trancada em uma gaiola de ferro. Presa à gaiola, uma placa de freio e às vezes era inserida na boca da mulher (para dominar sua língua). Por serem de ferro cortante, muitas placas causavam sangramentos na boca da torturada e ainda corriam o risco de serem levadas a cidades para serem expostas publicamente.

  • 6 Tubo de crocodilo
O torturado era obrigado a entrar em um tubo de dentes de crocodilos – não tinha jeito – que funcionavam como pregos. Dentro, apenas seu rosto e seus pés ficavam expostos. Aí começava a pior parte. Com fogo gradualmente o dente de crocodilo era aquecido e assim queimando as vítimas. Era o preço por não passar informações. O fogo também podia ser colocado diretamente na face ou nos pés da pessoa. Quem pegava mais pesado obrigava o torturado a se agachar dentro do próprio anel, movimento que acabava perfurando os órgãos vitais da vítima.

  • 5 Empalação
Método mais conhecido, era quando um objeto pontiagudo varava o corpo de uma pessoa (entra pelo ânus e sai pela boca da vítima). Em alguns casos, o torturador enfiava as estacas sem causar a morte imediata da vítima. Aí começava a girar o objeto, suspender o corpo ou fazer movimentos que torturavam ainda mais a pessoa.





  • 4 Banco da tortura
Dois rolos colocados nas exterminadas de uma mesa em um dos rolos, a pessoa tivesse seus pés amarrados; no outro, suas mãos. Aí o torturador começava a fazer perguntas. Se a vítima não respondesse, os rolos começavam a girar em direção contrárias, afastando-se. A pessoa, então, era esticada. O torturado começavam a se descolar e morria aos poucos.

  • 3 Forquilha do herege
Uma vara de metal com um pino em cada uma das extremidades. A parte superior do garfo era colocada na carne do queixo da vítima, enquanto a inferior pressionava o osso do esterno da vítima. Sendo obrigado a permanecer com a cabeça erguida o tempo todo, sem se deitar, olhar para o lado ou para o próprio corpo. Qualquer movimento ou descuido e o garfo penetrava em sua mandíbula.

  • 2 Aranha espanhola
Um objeto com garras de metal compridas – temido por muitas mulheres durante a idade média – e que, depois de serem aquecidas, eram fixadas nas mamas da mulher. O metal quente queimava a pele macia dos seios das mulheres. Mais do que isso: as garras se fechavam e o torturador puxava o objeto, arrancando violentamente o seio da vítima. O método também chegou a ser utilizado em barrigas e nádegas.

  • 1 Manivela intestinal
Tenha sangue frio, pois este é o MAIS FORTE de todos. O torturado era amarrado em uma mesa e o torturado cortava seu abdômen. Separava-se o intestino delgado do estômago e o ligava em uma manivela, essa começa a tirar centímetro por centímetro o intestino delgado (até 6 metros) que estava consciente e vendo tudo. Ninguém sobrevivia a esse processo.

Estrela gêmea do Sol e encontrada em pesquisa brasileira

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Tudo tem um começo, meio e fim e este será o Sol daqui alguns milhões de anos.
Uma equipe internacional liderada por cientistas do Brasil acaba de anunciar mais um avanço rumo à conclusão desta tarefa. Trata-se da estrela HIP 102152, uma espécie de “irmã gêmea” do Sol.
A astronomia trata estrelas que têm a mesma massa e composições químicas similares, já no caso, a HIP 102152, que fica na constelação de Capricórnio, a 250 anos-luz da Terra, é a estrela mais parecida com o Sol conhecida no universo até hoje. E a mais antiga também: ela é 4 bilhões de anos mais velha.
O estudo foi feito com o Very Large Telescope (VLT) do European Southern Observatory (ESO), equipamento que permite examinar com detalhes as gêmeas solares. O líder da equipe Jorge Melendez, da Universidade de São Paulo  diz: “Há décadas que os astrônomos procuram estrelas gêmeas do Sol, de modo a conhecer melhor a nossa própria estrela, que é responsável por toda a vida em nosso planeta”, e segundo ele a busca pelas estrelas do tipo pode ajudar a entender como o Sol vai ficar quando envelhecer.
O Sol possui baixo nível de lítio, o que causa uma grande dificuldade de estuda-lo, cerca de 1% do que tinha quando a estrela se formou. A ciência já imaginava que a perda do lítio tem a ver com a evolução de uma estrela. Mas com a identificação da HIP 102152, é a primeira vez que os astrônomos viram uma ligação clara entre a idade da estrela e a porção de lítio que ele carrega em sua composição química. “A HIP 102152 tem níveis muito baixos de lítio. Podemos agora ter a certeza que as estrelas à medida que envelhecem, destroem de algum modo o seu lítio”, diz TalaWanda Monroe (Universidade de São Paulo), autora principal do novo artigo no site da ESO.

Bebida alcoólica e sono aguçam a criatividade

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Pela Albion College, nos Estados Unidos, foram convidados 428 alunos para participar de uma pesquisa.
Todos contaram aos pesquisadores em quais horários costumavam dormir e se eram mais produtivos pela manhã ou tarde – a maioria, claro, fugia dos compromissos logo cedo. Aí, metade da turma foi convidada a fazer algumas provas às 8h30 da manhã e a outra às 5 da tarde.
Eram duas provas: uma exigia conhecimentos matemáticos e concentração, enquanto a outra pedia mais criatividade para encontrar respostas.
No segundo teste, as perguntas eram tipo:
  • “Um homem se casou com 20 mulheres numa cidade pequena. Todas elas ainda estão vivas e nenhuma se divorciou dele. O homem não infringiu nenhuma lei. Quem é ele?”
  • “Marsha e Marjorie nasceram no mesmo dia do mesmo mês do mesmo ano, filhas da mesma mãe e pai. Mas elas não são gêmeas. Como isso é possível?”
Bem, na pesquisa, o pessoal que teve o azar de fazer as provas pela manhã se saiu melhornessas provas de criatividades – eles acertaram 50% a mais do que os outros. É que quando você está com sono, desatento, sem muito foco, seu cérebro considera algumas associações que ignoraria num momento mais “atento”. Resumindo: dá mais chance para a criatividade.
Já quando o tema exigia concentração, o relógio não influenciou em nada. Os estudantes só precisavam focar para fazer os cálculos que já sabiam e encontrar as respostas corretas.
Com álcool funciona do mesmo jeito que o sono – seu cérebro está desatento demais para ignorar todas as associações que aparecem. Lembra aquele estudo da Universidade de Illinois, também nos Estados Unidos, que mostrava como bêbados são mais criativos? Eles juntaram 40 homens – metade deles bebeu drinks de vodka com suco de cranberry e outros só comeram biscoitinhos. Depois, receberam sequencias de três palavras (ex: colher, moeda, brinco) e precisam encontrar uma quarta que fizesse sentido no contexto (prata, por exemplo). E eles acertaram 40% a mais que os sóbrios.

quarta-feira, setembro 4

Dinheiro torna as pessoas piores, diz pesquisador

Paul Piff, pós-doutor em Berkeley, liga riqueza a comportamentos negativos como trapacear e desrespeitar leis


Editora Globo


Um grupo de pesquisadores do departamento de psicologia da Universidade da Califórnia resolveu mexer com gente grande. Em apenas um estudo, eles disseram que pessoas como Bill Gates, a dupla Larry Page e Sergey Brin, Mark Zuckerberg, além dos brasileiros Abílio Diniz e Jorge Paulo Lemann são potencialmente cretinos e desonestos. A justificativa? Eles têm dinheiro. 

Editora Globo
Gráficos mostram a taxa de motoristas que fecharam outros (1) e não respeitaram a faixa de pedestres (2). A numeração representa o grau de riqueza
Segundo o psicólogo social Paul Piff, com pós-doutorado pela UC de Berkeley, o dinheiro e consequentemente a riqueza estão diretamente associados a modos de pensar gananciosos. E pessoas assim tendem a ter comportamentos negativos, trapaceando quando possível, desrespeitando leis e outras pessoas mais pobres através de uma lógica egoísta, mas que o dá a sensação de poder fazer o que quiser, pelo fato de poder fazer. 

”A riqueza faz crescer a sensação de liberdade, controle e independência na vida de uma pessoa. Isso pode ser bom. Mas no nosso estudo, olhamos algumas das consequências desse aumento de liberdade, controle e independência. Uma delas é que você se apoia menos em relacionamentos e prioriza mais a si mesmo, suas conquistas, suas necessidades”, explica Piff. “Tais efeitos são transmitidos culturalmente, através de valores, família, etc. Em termos dos comportamentos que observamos, encontramos efeitos psicológicos (o modo como pensa) e comportamentais (o modo como age). Muitos desses comportamentos se explicam pelas diferentes tendências psicológicas do rico versus o pobre.” 

No artigo publicado pela Academia Nacional de Ciências americana, o grupo expõe dados obtidos a partir de uma seleção de estudos que avaliaram o comportamento de quase 1 mil pessoas. Entre os testes, havia um sobre descumprimento de leis de trânsito (dando passagem ou cortando outros carros, ou ainda não permitindo a travessia de pedestres na faixa); um que colocava o participante para ler histórias de personagens desonestos e corruptos e lhes perguntavam em seguida se o entrevistado faria o mesmo. Outro era sobre entrevista de trabalho: os pesquisadores instruíam o participante para interpretar o entrevistador, que deveria conseguir o salário mais baixo possível ao candidato, mas o candidato esperava uma vaga de no mínimo dois anos, enquanto o entrevistador está ciente de que em seis meses a vaga será fechada. 

Talvez o mais curioso dos testes, bem parecido com essas pegadinhas com câmeras escondidas, colocava o participante para responder um questionário em uma sala sozinho, onde há um pote de doces em cima da mesa. A instrutora avisa o participante de que as balas são para um grupo de crianças que vai visitar o laboratório naquele dia, mas que ele poderia pegar uma ou outra, se quisesse. outro que o tentava com um pote de balas destinadas a crianças e outro que simulava um jogo de dados no computador. Um último teste colocava os participantes para jogar um software de dados no computador: o dado podia ser jogado até cinco vezes (podendo gerar no máximo 30 pontos), mas o software havia sido programado para, na soma, totalizar no máximo 12 pontos (logo, quem falasse que tirou mais que isso estava mentindo); enquanto a promessa dos instrutores era de que a cada cinco pontos conquistados nos dados, os entrevistados ganhariam mais dinheiro. 

Em todos, adivinhe o nível das classes sociais às quais pertenciam os indivíduos que mais desrespeitaram as leis de trânsito, que esconderam mais doces no bolso ou que falaram que tiraram mais de 12 pontos nos dados? 

Fizemos três perguntas ao psicólogo Paull Piff: 

Só o dinheiro causa isso? 
De jeito nenhum. A ética, a moralidade, a generosidade, a compaixão - são todos moldados por uma série de variáveis pessoais, sociais e culturais diferentes. A riqueza é apenas uma parte da equação, mas o nosso trabalho sugere que é um fator significativo, e uma tem uma influência única no psicológico e no comportamental. 

Há “bons burgueses”? Como explicar a caridade? 
Esse é um bom ponto. Nossa pesquisa olha para milhares de pessoas em cerca de 40 estudos diferentes, mas é importante reconhecer que estamos apenas testando médias entre os diferentes grupos, então explicar o comportamento dos indivíduos (em oposição ao de grupos de indivíduos) é muito difícil de se fazer. Encontramos correlações significativas, mas é claro que existem muitas exceções aos padrões que documentamos. Nosso trabalho agora é olhar para os motivos e antecedentes destas "condições fronteiriças" - por exemplo, testar por que certos indivíduos ricos, mas não outros, são muito generosos e compreensivos. 

Esse comportamento tende a ser pior em país mais desiguais? Nós ainda não temos dados sobre isso, mas eu suspeito que os padrões que documentamos seria exacerbado em culturas com desigualdades mais graves. Contudo, embora esta especulação não tenha sido testada ainda, há muitas pesquisas sobre os efeitos perniciosos da desigualdade (por exemplo, veja o livro The Spirit Level), o que nos dá algumas evidências indiretas que apoiam essa suspeita. 

O amor é lindo, mas não é fotogênico: as 11 piores fotos de casais do mundo

Ao que tudo indica, o excesso de amor pode comprometer o bom senso, como nas imagens bizarras que você vai ver a seguir.

O amor é lindo, mas não é fotogênico: as 11 piores fotos de casais do mundo

Você é do tipo que vive abraçado com o amor da sua vida, tirando fotos das mãos dadas, mostrando alianças, ursinhos, flores e bombons? Nada contra, mas é bom tomar um pouco de cuidado e não passar dos limites, afinal tem muito casal por aí que esquece o bom senso e acaba pisando na bola com fotos bizarras e superestranhas. O lado bom é que algumas delas servem para que você se divirta com essas ideias malucas para fotos. Confira as imagens a seguir e depois nos conte quais delas são as suas favoritas.

1 – Os assustados

2 – Os desiguais

3 – Os estranhos

4 – Os gatinhos

5 – Os grávidos

6 – Os felizes

7 – Os adoradores de macacos

8 – Os superengraçados

9 – Os felinos

10 – Os planetários

11 – Os iguais



      Fonte: www.megacurioso.com

domingo, setembro 1

Culto ao leão no Egito antigo é comprovado


O estudo do esqueleto de um leão encontrado em 2001, em Saqqara, na tumba de Maia, ama-de-leite real de Tutancâmon, confirma que no Egito antigo existia um culto a esse animal e seu enterro era precedido por um processo de mumificação. A informação é de um estudo que será publicado amanhã na revista científica britânica Nature.
A Missão Arqueológica Francesa de Bubasteion (MAFB), coordenada pelo egiptólogo Alain Zivie, do Centro Nacional Pesquisas Científicas (CNRS), encontrou há três anos um leão enterrado - e cujo esqueleto estava praticamente completo - no sítio arqueológico de Saqqara (35 quilômetros ao sudoeste do Cairo). Vários indícios - posição das patas, restos de pigmentos - permitiram deduzir que o animal havia sido mumificado.
A descoberta ocorreu nas catacumbas de gatos do Período Helênico, associadas ao culto da deusa gata Bastet e que foram instaladas em um cemitério muito mais antigo, datado da Dinastia XVIII, ou seja século XIV a.C.. Lá foi encontrada a tumba de Maia, dama da corte que foi ama-de-leite do jovem Tutancâmon. Esta sepultura foi descoberta em 1996, também pela MAFB.
Alguns autores clássicos da Época Greco-Romana e inscrições faraônicas atestam a existência de leões (Panthera leo) entre os animais considerados sagrados e que eram objeto de culto no Egito antigo. Esses animais eram associados a determinadas divindades e por isso eram alimentados e bem tratados em vida, além de mumificados e enterrados em tumbas individuais ao morrer.
"Porém, até o momento, nenhuma confirmação desse fato havia sido estabelecida, pois nenhum leão nunca havia sido encontrado no Egito, exceto os ossos dispersos da Época Arcaica encontrados em Abydos", afirma um comunicado do CNRS.
A arqueóloga e zoóloga Cécile Callou analisou os restos do leão encontrado e concluiu que se trata de um macho adulto, sem dúvida morto de velhice. Patologias dentárias (dentes gastos até a gengiva e fleimões) e pedaços de costelas quebradas demonstram que o animal não vivia em liberdade. Porém, ainda existem incógnitas a respeito do leão. Entre outras coisas sua origem e como situá-lo no Período Helênico, ou seja entre os séculos VI e I a.C..
De acordo com os cientistas do CNRS, pode se tratar de um animal associado ao deus Mahes, filho da deusa leoa Sekhmet. Porém, como esta deusa era aparentada da deusa Bastet, objeto de culto em Saqqara, compreende-se o fato de ter sido encontrado entre os restos de vários gatos mumificados.
Em decorrência desse contexto, este leão, o primeiro exemplar completo da época já encontrado, confirma que os leões eram adorados e enterrados não apenas na cidade de Leontópolis, mas também na grande cidade de Mênfis, da qual Saqqara era o cemitério.

Conheça os segredos dos imortais

Eles sentem medo, mas não entram em pânico. No meio de gritos histéricos, criam planos racionais para escapar com vida de catástrofes. Conheça a história de pessoas que teriam tudo para morrer - mas sobreviveram. E aprenda com elas a trapacear a morte.


No maior atentado do século 21, as torres gêmeas do World Trade Center levaram consigo quase 3 mil mortos. Outras 8 mil pessoas sobreviveram para contar a história. No centro de São Paulo, os incêndios nos edifícios Andraus e Joelma marcaram a década de 70. O maior deles, Joelma, matou 187 pessoas e marcou a vida de mais de 500 sobreviventes. Congelados no mar Báltico, outros 852 naufragaram junto com o navio Estonia, em 1994. Apenas 137 saíram vivos. É das tragédias que nascem as estatísticas. Todos esses números são pessoas que viveram dramas parecidos, mas são encaixados em categorias completamente diferentes: mortos e sobreviventes. E é desses últimos que podemos aprender lições preciosas. Como conseguiram escapar do perigo enquanto outros tantos morreram? Ou mais, por que tantos perderam a vida, enquanto eles ganharam uma segunda chance? O que determina quem vive e quem morre?

Segundo John Leach, especialista em psicologia da sobrevivência e professor da Universidade de Oslo, apenas 10% de nós conseguem imediatamente manter a cabeça no lugar e agir racionalmente em momentos de tensão. Outros 10% surtam e tomam as piores decisões - e dificilmente saem vivos. Os 80% restantes podem congelar de medo e encarar panes do cérebro, mas não estão fadados à morte. Conseguem se controlar e sobreviver. Não dá para saber em qual categoria você se encaixe - a não ser, é claro, que algum imprevisto aconteça.

Não adianta se apoiar na célebre frase "isso nunca vai acontecer comigo". Lawrence Nordhoff, especialista em acidentes de trânsito, acredita que uma pessoa adulta deve encarar 2 ou 3 acidentes de trânsito durante toda a vida. Charles Perrow, autor do livro Normal Accidents: Living with High-Risk Technologies, acredita que nem todo incidente tem uma explicação lógica. Alguns simplesmente acontecem. É como um monte de areia: você acrescenta um punhado de grãos até que, inexplicavelmente, o monte desmorona. Para Perrow, acidentes de grandes proporções são raros; os acidentes em si, não. Para se ter ideia, em 2010, nos EUA, a cada 85 segundos, o Corpo de Bombeiros recebeu um chamado para controlar incêndio em alguma residência, e a cada 30 minutos uma pessoa sofreu queimaduras por conta destes acidentes. Então é melhor se preparar. "O mais importante para viver é imaginar o pior e esperar o melhor", diz Ben Sherwood, autor do livro Clube dos Sobreviventes, no qual ele relata histórias e estatísticas de pessoas que sobrevivem a desastres. Assim você pode escapar das armadilhas de um dos principais mecanismos de defesa do corpo: o medo.


Fase 1: Desespero
Na quinta-feira do dia 24 de fevereiro de 1972, mais de mil pessoas trabalhavam nos escritórios do edifício Andraus. Por volta das 15h30, uma carga na rede elétrica iniciou um dos maiores incêndios da história de São Paulo. Em poucos minutos, os gritos de "fogo" se espalharam pelos 30 andares do prédio. Alguns escaparam pelas escadas, mas muitos correram até o heliponto, na esperança de serem salvos por lá.

Cada uma dessas pessoas, quando ouviu a palavra "fogo", ligou o sinal de tensão. O estímulo do estresse deixou o corpo em alerta. Isso acontece porque o organismo reage a favor da sobrevivência. O sangue recebe uma dose reforçada de adrenalina, noradrenalina e cortisol, que desencadeiam uma série de mudanças. A respiração fica ofegante, elevando o nível de oxigênio no sangue. Os batimentos do coração aceleram, para espalhar os nutrientes pelo corpo mais rapidamente. Todo o estoque de combustível armazenado (açúcar e gorduras) é quebrado para aumentar a energia do corpo. Com mais energia e oxigênio, os músculos ganham agilidade. Pronto, o medo deixou o corpo com força extra para correr ou lutar. Toda essa reação saudável causada pelo estresse surgiu em nós há milhões de anos. E ela nada mais é do que uma adaptação que permitiu ao nosso organismo cooperar em situações de risco. Ou seja, para fugir com mais facilidade das ameaças. Mamíferos, anfíbios, reptéis e até mesmo insetos, moluscos e vermes marinhos respondem da mesma forma aos estímulos do medo.

Essas reações foram úteis no Andraus. A força extra ajudou alguns sobreviventes na hora de destruir um cadeado, que impedia o acesso ao telhado. Uma pesquisa realizada em 1960, por dois pesquisadores de Chicago, descobriu que a força flexora pode aumentar de 26,5% a 31% sob efeito de alguns estimulantes, como adrenalina e anfetaminas. Os helicópteros chegaram e logo iniciaram os resgates. Ainda assim, 16 pessoas morreram e 345 ficaram feridas.

Em 1974, o fogo voltou ainda mais devastador ao centro de São Paulo. Às 8h40, um curto-circuito acabou com a paz dos trabalhadores do Banco Crefisul. Em menos de 30 minutos, o incêndio no edifício Joelma estava totalmente fora de controle. Mais de 700 pessoas ocupavam o prédio. A lembrança do incêndio anterior marcou a memória das pessoas que estavam lá. Desesperadas, buscaram a mesma salvação que funcionou no Andraus: o telhado. Subiram no teto, mas dessa vez não havia um heliponto, o que dificultou o acesso dos bombeiros. Em vez do resgate, encontraram uma temperatura infernal, próxima dos 100 ºC. A essa temperatura a concentração de oxigênio no ar fica abaixo de 10% (em ambientes normais, a média é de 21%), dificultando a respiração. No total, 187 morreram no Joelma. Vinte vítimas se jogaram do prédio.

A memória do incidente anterior enganou a esperança daquelas pessoas - mesmo quem já trabalhava lá não parou para pensar na possibilidade de não haver um heliponto no alto do prédio. O medo é uma emoção, cuja resposta inicial parte de ordens vindas das amídalas (são elas que recebem o aviso "estamos em perigo" e passa adiante, desencadeando toda aquela cadeia de reações). Quando reagimos ao estresse, o lado emocional se antecipa e lança mecanismos de respostas automáticas - e às vezes atropela nosso pensamento racional. Se isso acontecer, as lembranças (no caso, as referências do outro incêndio que havia acontecido há pouco tempo) podem dominar suas ações - e levar tudo a perder.


Congelados
Passava da meia-noite quando uma onda forte atingiu a porta de carga dianteira do Estonia. A barca se dirigia da Estônia para a Suécia, com 989 passageiros a bordo. Há 6 horas navegando pelo mar Báltico, o Estonia encarava uma tempestade com ondas de 9 metros de altura. Perto da uma da manhã, a força do mar venceu a estrutura da proa: parte dela se soltou do navio. A água se viu livre para entrar. Os passageiros, chacoalhados violentamente de um lado para o outro dentro da barca, se deram conta do perigo. Muitos foram nocauteados pela violência do mar contra o navio e nem tiveram chances de fugir. Outros tentaram subir as escadas em direção às partes mais altas da barca. Mas tantos outros simplesmente congelaram. Não se moveram. Não tentaram se salvar. Nada. Estavam em choque, completamente imóveis.

A culpa é do estresse. E da maneira como cada um reage a ele - alguns levam meses para se recuperar de relacionamentos furados, enquanto outros levam poucos dias; tem quem morra de medo de barata, rato, cachorro... Enfim, pessoas se perturbam e se estressam com motivos e intensidades diferentes. Quando o nível de estresse chega às alturas, os hormônios lançados no sangue e a excitação das amídalas podem ter consequências ruins. Congelar diante do perigo é uma delas.

Alguns especialistas acreditam que, nesses casos de congelamento, a parte do cérebro que assimila novas informações deixa de funcionar. E aí as pessoas simplesmente não se movem. Ou seguem a rotina normalmente, como se nenhuma tragédia se desenhasse diante de seus olhos. No atentado ao World Trade Center, uma das sobreviventes queria trocar de roupa, antes de descer as escadas. Ela precisava colocar as "roupas de ir para casa". "O meio mudou e eles ainda não se adaptaram, não aceitaram. Então seguem fazendo o que sempre fizeram, a rotina. Mas isso é um erro, seu cérebro precisa se readaptar, encarar que as coisas mudaram", explica Leach.

Outros especialistas acreditam que o problema talvez seja no modo cerebral de busca por soluções. Enquanto a água tomava conta do Estonia, o lobo temporal de alguns passageiros procurava na memória uma forma de agir com base em outros momentos parecidos. Não encontrava, mas persistia na busca. Sem sucesso, a pessoa continua imóvel, esperando qualquer sinalização sobre como proceder. Não à toa, os tripulantes de aviões hoje em dia são instruídos a gritar continuamente coisas como "Vamos, saiam do avião, vamos", durante uma emergência. É uma tentativa de acordar os passageiros congelados. Mas mesmo quando existe um conhecimento e treinamento prévio para algumas situações, a memória também pode falhar. Leach estudou casos de paraquedistas que não abrem o paraquedas reserva (isso acontece em 11% dos acidentes fatais com paraquedistas). Ele concluiu que, sob estresse, a memória ativa não consegue se comunicar com a memória de longo prazo. Então, apesar de os paraquedistas saberem como agir, eles travam.

Sobrevive quem consegue voltar ao normal o mais rápido possível. Foi o que fez o canadense Tim Sears. Ele acordou de madrugada no meio do oceano - vestia apenas uma cueca samba-canção e moletom - e não fazia ideia de onde estava o navio Celebration, de onde ele havia caído. Tim analisou a situação, tinha duas opções: nadar ou afundar. Passou as 7 horas seguintes nadando de todas as formas, à espera do amanhecer (em águas frias, a recomendação é ficar parado para conservar calor, mas o mar do Golfo do México tem temperatura média anual acima dos 18 ºC). O sol chegou, mas, em outras 12 horas, nenhum barco se aproximou. Ainda assim, Tim continuou agindo. Quando o sol ia embora, um cargueiro se aproximou. Tim tirou a camiseta, e acenou. Dois marinheiros o resgataram e levaram direto para a cozinha. Foi quando Tim percebeu que havia passado mais de 15 horas no oceano. Desatou a chorar.


Fase 2: Recuperação
As reações do nosso cérebro às catástrofes parecem uma interminável lista de problemas e panes. Mas, a não ser que você faça parte dos 10% que surtam, agem por impulso e fazem tudo errado, dá para reverter esse jogo de erros. Ao mesmo tempo em que percorre a amídala e provoca as reações de medo, a informação percorre outro caminho mais longo e chega ao neocórtex para cumprir 3 objetivos: reconhecer o ambiente ao redor, controlar o medo e selecionar a ação certa. É quando você assume de novo a direção do seu corpo. Sobrevive quem muda essa chave em tempo hábil. Em geral, pessoas calmas sabem melhor como fazer isso, mas não existe uma personalidade típica de sobreviventes. "A principal característica dos sobreviventes é a adaptabilidade: conseguir mudar de atitude conforme as situações. Em toda nossa evolução, a habilidade de adaptar-se é essencial. É a mágica para sobreviver", conta Sherwood. Enquanto alguns relutam para acreditar no que veem, os sobreviventes aceitam a situação nova e agem de acordo com ela. Dançam conforme a música, mesmo se ela passar de Beethoven a Ramones bruscamente.


De volta ao Andraus
Quando ouviu as palavras "fogo" invadir o 23º andar, Enrico Ferri tomou fôlego e subiu até o último andar. Esperaria pelo resgate no telhado do edifício. Italiano nascido em Verona, Enrico já havia participado de outra tragédia: a 2ª Guerra Mundial. Pela segunda vez ele encarava a morte - e eis aqui outra vantagem no jogo da sobrevivência: ter vivido outras situações-limite. Mas Enrico se manteve calmo. "Depois da primeira vez, você vai se acostumando. Mas o medo não desaparece nunca", contaria a um programa de televisão depois. Ele seguiu à risca a regra número um da sobrevivência: manteve a calma. Quando chegou ao telhado viu que as labaredas já se espalhavam pela janela do último andar. Mas aqui ele se deparou com mais um fator importante na sobrevivência: a sorte. Ela estava em vários momentos: o heliponto ajudou no resgate; havia janelas apenas na parte da frente do prédio, deixando a parte traseira do telhado mais segura; e, por fim, a direção do vento, que levava o fogo para longe das pessoas.

Não é vital, mas em histórias de sobrevivência a sorte aparece em alguma situação. E uma pesquisa do psicólogo Richard Wiseman, da Universidade de Hertfordshire, Reino Unido, mostra que talvez a sorte não seja tão ao acaso como imaginamos. Durante 10 anos, ele entrevistou azarados e sortudos. Concluiu que pessoas mais relaxadas, sociais, otimistas e com maior percepção do mundo, escutam pressentimentos e atraem boa sorte. Encontram alternativas em lugares que ninguém viu. E têm mais amigos e conhecidos, que formam uma "rede de sorte". Segundo Wiseman, a maioria de nós conhece cerca de 300 pessoas próximas. Isso nos deixa a duas apresentações de outras 90 mil pessoas que podem trazer alguma oportunidade boa.

Acredita-se, inclusive, que pessoas com mais familiares e amigos tenham chances maiores de sobreviver a uma catástrofe. "Evidências mostram que pessoas com apoio da família e amigos têm mais chances de sobreviver. Elas querem voltar para a família, têm um propósito", conta Leach. Quando se tem algo a perder, a vontade de viver cresce. Mas isso não inclui apenas parentes ou amigos. Dá para encontrar na hora um motivo que o instigue a viver, como tomar a liderança do grupo. Quando você organiza e orienta o resgate ou a evacuação de um prédio em chamas, a sua sobrevivência se torna fundamental para todos. Isso pode dar motivação para lutar de maneira mais eficiente pela sua sobrevivência.

No telhado, Enrico se acomodou à espera de resgate. Ele tinha razões para viver. A poucos quilômetros do Andraus, a família ansiava por notícias. Quando duas pessoas tentaram descer pelo fio do telex (pai do fax e avô do e-mail) e se esborracharam no chão, Enrico achou mais um propósito: acalmar os ânimos das pessoas do telhado. Um helicóptero se aproximou do heliponto. Enrico, então, ajudou a organizar uma fila, com mulheres à frente. Com a situação controlada, pegou carona em um dos helicópteros e desceu ao encontro da família.

A enrascada em que Paul Barney se meteu foi pior do que a de Enrico Ferri. Ele estava no navio e acordou à uma da manhã com o barulho forte do naufrágio. Em pouco tempo percebeu que a barca começava a se inclinar para um dos lados. Levantou-se e traçou pequenas tarefas para sair com vida de lá. Precisava agir conforme mandavam as novas regras da barca prestes a naufragar. É o que sobreviventes fazem: traçam planos e os dividem em pequenas tarefas. "Sobreviver não é uma coisa grandiosa - é, na verdade, uma série de pequenas coisas. Mas você precisa fazê-las. Se parar, você morre. Um sobrevivente apenas sobrevive dia após dia, exatamente como nós", diz Leach. Paul procurou então as roupas mais quentes que possuía e tirou as botas para ter mais equilíbrio. Entrou em um bote salva- vidas, mas ele logo virou. Barney voltou para dentro e puxou junto a ele outras pessoas. Mas agora, ensopado, sofria com o frio. Concentrou-se em deixar a respiração mais lenta e desacelerar os batimentos do coração - e assim, economizar energia. Funcionou. Barney sobreviveu.


Fase 3: As lições

Para ter mais chance de sobreviver, é possível aprender a evitar imprevistos e treinar o cérebro para situações extremas. A boa notícia é que você já começou: ler sobre o assunto - como esta reportagem da SUPER - pode deixar você mais preparado na hora de incidentes. Ter algum tipo de conhecimento prévio é fundamental. Ler o manual de instruções em caso de acidentes dos aviões ajuda. Assim como assistir às precauções de segurança que passam antes do filme no cinema. Pode parecer besteira, mas não é: nosso cérebro leva de 8 a 10 segundos para fazer escolhas que desconhece. Quando já sabe como agir diante da situação, esse tempo cai para 1 a 2 segundos. Outra dica é analisar o seu comportamento em situações de privação "normais", as que nos acontecem todos os dias. "Pratique suas reações em coisas pequenas, como um engarrafamento. Não perca o controle, fique calmo. Se você lida bem com coisas pequenas, estará preparado quando as grandes aparecerem", afirma Laurence Gonzales, autor do livro Deep Survival: Who Lives, Who Dies, and Why. Ou seja, se você tem o hábito de buzinar e xingar o motorista da frente, dificilmente vai recuperar a calma se o seu apartamento pegar fogo. Lembre-se: você não quer fazer parte dos 10% sem controle da população.

A atitude mental vale mais do que qualquer ferramenta. Sobreviventes controlam o medo, resignam-se com os acontecimentos e agem. Fazem de tudo para sair vivos. Para manter essa atitude positiva, os especialistas recomendam dicas aparentemente banais, mas que surtem efeito. Gonzales sugere que sejam comemorados todos os pequenos sucessos (cada tarefa concluída é uma vitória). O carro bateu e você ainda está vivo? Comemore. Encontrou uma possível saída? Concentre-se nisso em vez de pensar "por que justo o meu carro bateu, por queee?" Sobreviventes, em geral, não se veem como vítimas. Eles querem é sair vivos, para reencontrar os amados, para seguir com suas vidas ou simplesmente para contar a história. Se não, não há também por que viver.
ACIDENTE DE AVIÃO

Antes
- Fique consciente: não tome álcool ou calmantes.
- Use sapato de amarrar, e roupas de manga comprida.
- Sente no máximo a 5 poltronas da saída de emergência.
- Faça um mapa mental de saída. Em caso de acidente, é possível que fogo ou fumaça impeçam a visão. Por isso, você deve conseguir sair apenas com o tato e a memória.

Fique atento!
Os acidentes costumam acontecer nos primeiros 3 minutos da decolagem e nos 8 últimos do pouso. Nesse momento:

Durante
- Fique atento ao que está acontecendo.
- Mantenha os cintos atados.
- Use as máscaras de oxigênio.
- Durante o impacto, incline-se para frente. Encoste a cabeça na superfície onde você a bateria (a poltrona da frente), para evitar choques.
- Mantenha seus pés firmes contra o chão.

Depois
- Não tente pegar seus pertences.
- Retire o cinto de segurança.
- Relembre o mapa mental traçado anteriormente.
- Conte as poltronas até a saída prevista.
- Agora é hora de ajudar alguém, se for possível.
- Você terá 90 segundos para sair do avião. Depois desse tempo, o fogo passa pelo alumínio da nave e a temperatura dentro da cabine chega aos 1 000º C.

Crianças sortudas
Em 2006, aos 10 anos de idade, Mateus de Oliveira escapou da queda de um bimotor na Serra da Cantareira, Ele foi empurrado para fora da nave pelo empresário Antônio Cortez. Caiu na mata e ficou desacordado. Quando acordou, voltou ao avião e tirou o empresário. Mateus tinha apenas ferimentos leves e guiou Cortez, com queimaduras graves, pela mata até ver uma casa. Dois homens morreram no avião - um deles, o pai do garoto.

Confie na sorte
O Airbus A310 da companhia aérea estatal do Iêmen mergulhou no Oceano Índico, em julho de 2009, e matou 153 pessoas. Baya Bakari foi a única sobrevivente. Após o impacto, perto da uma da manhã, ela ainda escutou as vozes de outros possíveis sobreviventes, mas não conseguiu enxergar nada. A garota não sabia nadar e estava sem colete salva-vidas. Sobreviveu graças a um pedaço do avião, ao qual se agarrou até ser resgatada por um bote.

- Mesmo em caso de acidentes graves, a chance de uma pessoa sobreviver é de 76,6%.

- A chance de cair de avião nos países desenvolvidos é de 1 em 60 milhões.

- Já no Brasil, a estatística cai para 1 em 2 milhões.

BATIDA DE CARRO

Antes
- Ande sempre de cinto de segurança.
- Dirija à direita. Acidentes acontecem mais na pista mais rápida.
- No banco de trás, sente no meio. É o lugar mais seguro do carro.
- Confira se você está carregando o kit de primeiros-socorros.
- Carregue sempre o extintor de incêndio dentro da validade indicada.

Durante
- Se a batida vier de trás, não aperte os freios para não capotar.
- Prepare-se para o impacto. Avise outros passageiros que estiverem distraídos.
- Faça força para segurar sua cabeça contra o encosto. Isso é importante para evitar que a cabeça bata no volante - deixando você inconsciente.
- Segure as duas mãos firmes no volante, na posição de 5 e 7 horas do relógio. Isso deixa espaço livre para o airbag inflar e proteger sua cabeça.

Depois

Em caso de fogo
- Se você não conseguir sair do carro a tempo, cubra sua cabeça e tronco com casacos ou roupas. Se conseguir sair, não tente salvar o veículo.

Se cair na água
- O veículo vai cair de frente (a parte mais pesada do carro). Espere estabilizar.
- Janelas abertas: Aproveite para escapar.
- Retire o cinto de segurança.
- Janelas fechadas: Se o sistema elétrico não estiver funcionando não adianta tentar abrir as portas até que água preencha o veículo na altura no pescoço. A pressão da água impedirá a abertura das portas antes disso e você desperdiçará energia.
- Com as janelas abertas, o carro se enche de água em 1 a 2 minutos.

- 1,2 milhão de pessoas morrem em acidentes de carro todos os anos.

- Uma pessoa terá, em média, de 2 A 3 acidentes de trânsito NA VIDA.

- Se o carro cair na água de janelas abertas, ele vai encher de água em 1 ou 2 min. Além disso, uma pessoa aguenta 3 minutos sem respirar. Dá e sobra pra fugir.

Avise aonde vai (mesmo que no Facebook)
Em setembro do ano passado, David Lavau, de 67 anos, dirigia sozinho por uma estreita rodovia da Califórnia. Em uma das curvas, perdeu o controle do carro, desceu o barranco e caiu em uma ravina. Esperou por um helicóptero à noite, que não apareceu. Pela manhã, engatinhou e saiu do carro. Encontrou outro veículo com um homem morto e percebeu que estava sozinho. Comeu insetos, folhas e bebeu água potável (e suja) de um riacho. Cinco dias depois, os filhos se deram conta do sumiço. Rastrearam o celular, fuçaram no Facebook e, 6 dias depois do acidente, partiram em direção à rodovia Lake Hughes. Eles paravam e gritavam o nome do pai em toda ravina e colina encontrada no caminho. Até que, em uma delas, um senhor respondeu de volta, pedindo ajuda. Um dos filhos desceu e encontrou o pai, com algumas vértebras e costelas quebradas e o braço fraturado em 3 pontos. Ele sobreviveu.

INCÊNDIO EM CASA

Antes
- Não fume dentro de casa. Bitucas são as maiores causas de incêndio.
- Se estiver em hotel, peça o quarto próximo das saídas de emergência.
- Deixe as chaves de casa sempre no mesmo local para saber onde encontrá-las.
-Tenha sempre um mapa mental das saídas de emergência. De novo, pode ser que você tenha que se locomover sem enxergar.

Durante
- Feche as portas pelas quais você passou para cortar o fogo.
- Não abra janelas desnecessariamente. Fogo precisa de ar.
- Nunca, jamais pegue o elevador para sair do edifício.
- Não volte para tentar resgatar pessoas. Deixe os profissionais lidar.
- Molhe um pano e coloque sobre o rosto. Isso vai funcionar como um filtro contra os gases tóxicos do incêndio.

Fogo fora
- Se você estiver do lado de fora do incêndio, procure fumaça embaixo da porta e toque a maçaneta. Se estiver quente, não abra. Isso significa que o fogo pode se propagar ao abrir.

Depois
- Mesmo se não houver queimadura visível, vá ao hospital.
- Fumaça a calor podem causar queimaduras pulmonares (de duas maneiras: inalação do calor e queimadura mesmo do tecido pulmonar). Se você ficar uma hora no incêndio, as chances são grandes de você ter desenvolvido uma delas.
- Estima-se que, em 40 m2, o fogo leve de 5 a 6 minutos para ficar fora de controle. Portanto tempo é precioso. Fique sempre próximo ao chão (a fumaça é mais leve que o ar e fica flutuando próximo ao teto.)
- A maior parte das vítimas de incêndio morre asfixiada e não queimada.
- Isso porque, a 75 ºC, a quantidade de oxigênio no ar cai para 10% (é de 21% normalmente). Outro problema é o CO2. Se houver 2% de CO2 no ar, a pessoa morre em uma hora. Se for para 10%, a morte é instantânea.

Aja logo
John Leach, especialista em sobrevivência, se interessou pelo assunto na prática. Em 1987, ele estava na estação King¿s Cross, em Londres, quando fumaça tomou conta do lugar. Ele fugiu pelas escadas e ofereceu ajuda a um policial. Não teve resposta: o policial congelara. Assim como ele, outras pessoas mantinham a rotina normal. Uma mulher perguntou: "meu trem vai ser cancelado?", enquanto a fumaça se espalhava pela estação. 31 pessoas morreram no incêndio.

Seja racional

Um grupo de 20 pessoas descia a montanha de Middle Kootenay Pass, quando recebeu um aviso de avalanche. Mesmo assim, duas pessoas resolveram subir a montanha para esquiar. A neve desabou logo depois. Somente um deles escapou a tempo. Sob o comando do lado emocional, o cérebro os levou direto ao perigo. Havia uma marca na memória, tirada de experiências anteriores, que dizia "enfrentar a montanha é divertido, tente de novo". E eles se deixaram levar.

NAUFRÁGIO

Antes
- Investigue o barco: procure rotas de fuga e descubra onde estão amarrados os botes.
- Fique atento à localização de todos os coletes salva-vidas.
- Saiba como funciona a liberação dos botes.

Durante
- Tente pegar comida e - principalmente - água.
- Leve um espelho ou celular. É possível colocá-los contra o sol para servir como sinalizadores.
- Afaste-se do barco afundando para não ser sugado com ele.
- Uma vez dentro do bote salva-vidas, use boias e coletes para salvar outras pessoas.

Depois
Como conseguir água para consumo

1. Colete plantas do mar e coloque em um recipiente

2. Cubra com um plástico e amarre-o em torno do recipiente.

3. Coloque algo pesado no meio do plástico.

4. A umidade reage com o calor. Em um dia ensolarado você conseguirá até 1,5 litros.

- Nunca beba água do mar ou urina.

- Colete tudo que encontrar boiando no mar, inclusive destroços do barco. Eles podem ajudá-lo.

- Náufragos costumam morrer de hipotermia. Se cubra com plantas e algas.

Ajude os outros
Logo após o barulho no Costa Concordia, Rose Metcalf, dançarina e membro da tripulação, entrou em ação. Quando o navio começou a afundar, Rose ajudou na evacuação dos passageiros. Quando os botes ficaram lotados, escalou até o deck seguinte e esperou pelo helicóptero. Foi uma das últimas pessoas resgatadas. O cruzeiro italiano levava 4 229 pessoas quando se chocou contra uma rocha. O naufrágio terminou em 32 mortes.

PERDIDOS NA SELVA

Antes

Na mochila
- Boa parte das pessoas que se perde em floresta entrou nela voluntariamente. Por isso, toda vez que sair no mato leve faca, lanterna, anzóis, fósforos e primeiros-socorros. Além de bússolas, GPS e comida.

Roupas
- Coturnos de plástico, calças e blusas compridas com tecidos grossos.

Durante
- Aceite que está perdido. Pare de vagar - sua missão agora é sobreviver ao dia a dia.
- Localize água e comida próximo ao local em que você está.
- Construa ou encontre um abrigo.
- Tome banho todos os dias: isso evita infecções e insolações.

Depois

Fogo
- Mantenha-se aquecido. A maior causa de morte entre os perdidos na selva é a hipotermia.

Fumaça
- A fumaça que vai aquecê-lo também serve de sinalizador para que você possa ser encontrado.
- Gaste apenas 60% da energia que você costuma gastar por dia. O Exército brasileiro recomenda que você descanse de 10 a 15 minutos a cada 60 minutos de esforço físico, para você não enfraquecer demais.

- 75% das mortes de perdidos na selva acontecem nas primeiras 48 horas ¿ quase sempre de hipotermia.

- Crianças de até 6 anos têm a maior taxa de sobrevivência: elas ainda não têm a consciência de que estão em encrenca, e também conseguem se adaptar com mais facilidade a novos ambientes. Já crianças entre 7 e 12 anos têm a maior taxa de mortalidade: elas entendem que estão em apuros, mas não têm maturidade para ficar calmas.

Seja paciente
Os franceses Loïc Pillois e Guilhem Nayral resolveram fazer uma trilha de 100 km pela Amazônia, a partir da Guiana Francesa. Equipados com bússola, mapa e 12 dias de comida, se perderam na selva. Construíram um abrigo e esperaram 3 semanas. Ouviram barulhos de helicópteros, mas não foram vistos. Sem esperança de resgate, voltaram a caminhar 3 horas por dia. 7 semanas depois, foram encontrados.